7 de abr. de 2010

CAT - CLEAN AIR TURBULENCE

Para quem não é da aviação e até mesmo para quem está iniciando, CAT é algo desconhecido, mas agora vou explicar um pouco o que é, onde se forma e o que acontece durante esse fenômeno.

CAT - CLEAN AIR TURBULENCE

CAT nada mais é do que uma turbulência de céu claro onde nenhuma nuvem está presente, mas também temos um definição mais abrangente que diz que CAT é uma turbulência encontrada fora de nuvens convectivas e em alguns casos em ar claro na redondeza de temporais.

Os relatórios da FAA apontam quase 60 acidentes com passageiros e tripulantes a cada ano e desde 1990 houve um total de 15 mortes atribuídas a encontros CAT. Já os relatórios do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) indicam que os acidentes aéreos provocados por encontro com CAT resultaram em ferimentos na cabeça, quebra de omoplata ou clavícula, braços, cortes e contusões variados, quebra de equipamentos e danos estruturais nas aeronaves.

OCORRÊNCIAS DE ENCONTROS COM CAT

Um Boing 747 da United Airlines em vôo de Narita a Honolulu sofreu um CAT em cima do oceano Pacífico. Neste acidente uma passageira morreu e outros 104 foram feridos. As notícias dão como causa um violento golpe de turbulência. A aeronave perdeu aproximadamente apenas 100 pés de altitude no tempo de 1 segunda e que a força G para cima, para baixo e para os lados não provocou danos ou ameaça à integridade estrutural do avião. Ocorreu no FL310, a aeronave subiu ligeiramente, foi atingida por uma windshear, desceu para 30,900 pés a uma razão de 6000 pés por minuto, porém o piloto automático manteve-se acoplado. Segundo depoimento dos passageiros "o avião caiu por queda livre em baixo de nós" e também "o avião balançou, sacudiu e depois mergulhou".

Outra ocorrência envolveu um B-767 da Transbrasil em voo de Orlando para São Paulo que pousou em Manaus com emergência declarada após sofrer um encontro com CAT em pleno Mar do Caribe e perder aproximadamente 9.000 pés do nível de voo (leitura do Flight Recorder), resultando em ferimentos a um Comissário (quebrou a clavícula), a um passageiro (ferimento na cabeça e ombro esquerdo), em sustos e compreensível mal-estar de outros passageiros. No começo de 2005, um passageiro foi seriamente ferido quando um Boeing 757 encontrou turbulência durante um voo de Atlanta para Orlando transportando 190 passageiros e 7 tripulantes. Durante a turbulência, uma cafeteira caiu sobre o colo de um passageiro resultando em queimaduras de 2º grau, e o comandante precisou desviar o voo para levá-lo ao hospital mais próximo, atrasando a chegada em Orlando.

ORIGEM DE UMA CAT

Os estudos mais importantes da meteorologia internacional apontam que uma das áreas principais que dão origem à turbulência de céu claro (CAT) é a vizinhança de uma jet stream, conforme o padrão de onda atmosférica nas grandes altitudes, com velocidades de 50 nós ou maior.

Ainda, os estudos da meteorologia brasileira consideram a existência de uma jet stream subtropical brasileira, muito ativa durante os meses de inverno e com sua área central geralmente ao redor de 30.000 pés sendo apresentada melhor no mapa de 300 milibares de pressão constante.com o centro entre 35000 e 45000 pés.

FORMAÇÃO DE CAT NO BRASIL

A jet stream subtropical no Brasil geralmente tem sua área de formação estendendo-se nos níveis de voo mais altos da Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, eventualmente o sul do Paraná, embora áreas de baixa pressão em outros pontos do país também apresentem as condições para a formação de CAT em áreas de forte transferência de calor horizontal de temperatura (advecção).

Outra área notabilizada por formar CAT é a confluência de 2 correntes de jet stream. Em algumas ocasiões, uma jet stream de frente polar proveniente da Argentina descerá e passará por baixo da jet stream subtropical brasileira continental e a confluência dessas duas jet streams frequentemente resulta em forte turbulência.

DIMENSÕES, PREVISIBILIDADE E VELOCIDADES

A área turbulenta associada com jet stream comumente tem cerca de 100 a 300 milhas prolongando-se na direção do vento com 50 a 100 milhas de largura e 5.000 pés de altura. Mas, a ocorrência de uma CAT é difícil de prever uma vez que a CAT é um fenômeno pontual em relação à sua dimensão e sua duração, pois estes valores podem persistir de 30 minutos até um dia inteiro, dificultando a previsão da CAT. Uma tesoura de vento (windshear) ocorre em todas as direções, mas por convenção é medida nos eixos horizontal e vertical, considerando-se a velocidade de uma CAT de intensidade moderada quando o vento tem variação de velocidade de ± 40 kts (nós) na direção horizontal e/ou ± 5 kts (nós) na direção vertical.

REGRAS GERAIS SOBRE CAT

Algumas regras gerais sobre CAT foram desenvolvidas pela ICAO desde 1969 e tem sido expandidas e melhoradas por outros órgãos aeronáuticos mundiais que ajudam a identificar áreas de formação de CAT como, por exemplo, estar diretamente proporcional à velocidade do vento e a tesoura de vento provocada pela velocidade desse vento. Entre outras, tem-se a indicação de que não é a velocidade do vento que diretamente provoca a CAT, mas a diferença da velocidade do vento entre um ponto ao outro provocando a reviravolta da massa de ar incluindo-se, também, que as jet streams curvilíneas são mais prováveis de terem bordas turbulentas do que jet stream retilínea, especialmente jet stream com curva ao redor de uma depressão estreita de baixa pressão.

Uma CAT pode ser encontrada na windshear vertical, tendo sua intensidade definida em 01 nós/1000 pés. Se for maior do que 5 nós/1000 pés, é provável que existam condições para formação de turbulência. As jet stream mais fortes do que 110 kts na área central têm potencial para gerar significância turbulência próxima da tropopausa acima do centro, na frente da jet stream e no lado da baixa pressão do centro. Em áreas montanhosas, uma windshear e a correspondente CAT são mais intensas acima e para sotavento das montanhas. Portanto, quando a rota do vôo atravessar uma jet stream de onda montanhosa, é desejável voar com velocidade de penetração em turbulência e evitar o vôo em cima de áreas onde o relevo do terreno acaba abruptamente, mesmo não havendo nenhuma nuvem lenticular para identificar a condição.


OS PERIGOS DE UM ENCONTRO COM CAT

Se o Piloto encontrar ou souber da existência de uma CAT, deve emitir um PIREP Pilot Report) que poderá salvar vidas em algum outro vôo na região e/ou torná-los mais seguros para a comunidade da aviação. Os Pilotos deveriam considerar cuidadosamente os perigos associados com vôos em áreas nas quais os boletins meteorológicos indicam a presença de uma CAT, inclusive turbulência montanhosa, devendo obter dados meteorológicos confiáveis por satélite sempre que possível e monitorar as comunicações via radio à escuta de reporte de outros Pilotos da existência de CAT na região sobrevoada. Devem sempre lembrar que fotos meteorológicas por satélite são úteis para identificar uma CAT normalmente na vizinhança de jet stream associada com nuvens cirrus. As fotos por satélites apresentando padrão de nuvem tipo onda ou curvilínea são freqüentemente ligadas com a turbulência de onda montanhosa.

Em busca de níveis de segurança de vôo sempre melhores, já existem diversos aeródromos brasileiros que contam com o serviço de câmeras de vídeo em tempo real, apresentando as condições meteorológicas na área de operações de decolagens, pousos, aproximações e das formações do relevo na área desses aeródromos. Se o Piloto sofrer um encontro com CAT, deverá avaliar eventuais ferimentos nos passageiros, efetuar uma pesquisa de danos à estrutura da aeronave, restaurar o quanto possível as condições de vôo (nível planejado, direção, velocidade, etc.) ou declarar emergência pousando num aeródromo mais próximo. Na ocorrência de um encontro com CAT, os Pilotos também devem considerar um possível desacoplamento inadvertido do piloto automático, ou mudança inesperada do Automatic Mode, conforme as características técnicas do equipamento eletrônico instalado na aeronave.

E por último, o Piloto deve repassar os ensinamentos de segurança de vôo referentes aos graves acidentes aéreos causados pelo deslocamento da carga transportada advindos do encontro com uma CAT que, ao afetarem perigosamente o equilíbrio longitudinal da aeronave, chegam a provocar a perda de controle em vôo culminando com o choque da aeronave contra o solo.


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Formada como comissária pela Escola Aerosul. Em breve voando se Deus quiser!!
 

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